domingo, 16 de dezembro de 2007

Queria uma sandes de delícias do mar feita por uma freira


Nada me vem a cabeça sobre o que comer, especialmente com merda a flutuar ali mesmo ali, carros acolá, e barulho, gaivotas e que tal. Sabia bem uma bucha, denuncio as minhas raízes.
Uma gaivota aproxima-se, idiota, parecendo incerta do seu destino, nesta beira de água, olho para ela, afasta-se, sandes de gaivota é o pior possível. Turistas de merda, perturbam-me, falam em línguas que não percebo e até português, excitam os cães e a gaivota volta. Que puta de fome! Queria algo puro, limpo deste lixo urbano depressivo beira-mar, algo menos sujo que um dálmata relativamente branco.
Queria uma sandes de delícias do mar feita por uma freira. Com algum afecto. Gaivota traz-me algo, já que estás perto, mais perto que aquela pega de cabelo vermelho.
Corre, ó loura despreocupada em calças de Lycra justa, trás me a minha sandes, quiçá uma sobremesa. A gaivota aproxima-se mais, será que perdeu o medo? Pássaro idiota, se chegar perto faço-te um cafoné, cafoné de aviário.
Caras feias, homens rudes, bate chapas da vida num mundo de chapa barulhenta, mundo para ninjas que espiam no silêncio mas que por casa nunca ficam. Gaivota, porra, cala-te! Não te quero ouvir, és como o resto do mundo, bébes na maternidade da eternidade, sem ninguém que os leve para casa. Foda-se, irrita-me. A paixão vive na minha casa e eu estou trancado cá fora e faz frio! Vento, habitual neste mundo de cães que correm atrás do que não podem morder, como por exemplo, barcos. Nada de espantoso neste estacionamento da vida, cheio de lugares de vespas amarelecidas, velhas.
O Sol volta, não vejo porquê, o dia está quase acabado. Hora de jantar. Se tivesse companhia cozinhava, gosto de ver a satisfação nas caras das pessoas, gosto de saber que me dão atenção, atenção e um abraço, Heimelich emocional, dizia ela, num outro dia na TV.
Um dia em que o meu esmalte negro combinasse bem com as tuas rendas negras, ninguém precisava de saber, nem a tua persona…perdia-la e fazias-me feliz. Não te parece bem? Pensamento supérfluo, não? És minha, se eu quiser, mas aqui à beira da ria só a gaivota me acompanha…
Bem, vou a cantina.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Universos

No parque, costas com costas, calor, coração e coração na relva abandonados, simbiontes emocionais de almas antigas. O silêncio continua intocável, virgem e intricado na nossa proximidade, headphones como acessórios de moda indispensáveis, fashion statement e afirmação pessoal, não precisamos de falar, escrevemos um para o outro, vozes arranhadas pela experiência, ouvidos ensanguentados pelo silêncio ensurdecedor das vozes desses humanos que nunca serão mais do que isso.
5 Minutos, tempo de mais sem ver a tua cara, costas com costas, crio algo mais, sinto o teu coração bater, crias o teu universo aqui ao lado.
Seria possível criar alguma forma de túnel, um wormhole, passagem pelo continuum espaço-tempo, buraco negro, hiperespaço, um sítio onde o Millenium Falcon demoraria menos de um parsec a fazer a corrida (espera ai parsec não é um medida de distância…?)
Queria que o escrevo se expandisse até a ti, o que escreves se expandisse até a mim num big bang criativo, as nossas moléculas se transformassem uma coluna, um rodopio de energia, loucos na renovação…
O meu coração bate mais forte, o teu sincroniza, dás-me a mão, certezas surgem e desaparecem, aqui, já…

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

9 dias depois...


Aos 23 anos parte um dos melhores bateristas que já agraciou a cena death-metal.
Witold "Vitek" Kieltyka deixa-nos devido a um acidente de autocarro durante a Tour dos Decapitated na Rússia, tendo o vocalista Adrian "Covan" Kowanek também sofrido ferimentos graves, encontrando-se de momento em recuperação

23 não é uma idade para se morrer, ainda existia mais para ouvir dele, da sua criação!
Nem sei o que dizer, é demasiado triste para mim, foi uma banda que cresceu comigo, que esteve lá desde do início da minha paixão pelo metal extremo.

E soube só hoje, 9 dias depois...

requiescat in pace, Vitek!

domingo, 9 de dezembro de 2007

Taça de Cereais


Uma taça de cereais e duas patadas na porta, decisão atrasada no tempo, proscrinação, estou atrasado na minha vida perdida, perdido nas horas vãs em que entretenho pensamentos irrelevantes, anarquicos, criativos e subversivos.

Não interessa, o dia é frio, headphones nos ouvidos, Satanás diz o que fazer. Sê forte, sei, só não sei onde aplicar pressão, onde está a ferida que preciso de estancar.

Ritual do habitual, cafeína no sangue, reflexão sobre as mortes dos outros. Doença? Já estamos mortos, eu já me morri, renasci, morri…
Roda de Dharma de desejos perversos que bem conheces, não sei viver de outra forma.

Uma cara amiga, tanta energia, metes-me nojo com tanta vida!

Bom humor, tudo tem graça, piadas óbvias, pão da vida, nada por perto do negro. Outros problemas, outra purga do nada, quero mais, queixo-me de mais…

Quero ver essas 40 páginas.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Não me sinto bem hoje...


Para ti, passado:

Não me sinto bem hoje, e ontem era um Deus do Karma, uma perfeição da minha essência, pena não durar a noite. Hoje o negro abate-se, a ressaca do absoluto tende a doer, não?
Espero por ela, espero que ela venha, quero ver a sua face sem o véu de Baco sobre ela.
Era bela, pois era, mas temo que fosse apenas parte da minha imaginação, um aperfeiçoamento do que eu anseio, possível, não?
É uma partida do Universo por certo, conheço a mulher perfeita e ela escapa-se por entre os meus dedos ou pior, não é assim tão perfeita.
Se eu não a poder ver, ninguém a verá.
Pensamento tão final, mente perdida, ódio em catadupas…
Fodasse, porquê?
Passa o tempo, olho a rua, nada faces vazias, lugares comuns, pelo menos é uma noite calma, tenho espaço para mim, para o meu ego e para as botas de ambos.
Será que percebi bem, será que é aqui que devo estar.
Não é mau, caras bonitas observam-me, observo de volta, agradáveis, risos, presenças desconhecidas…pena!
Mais tempo, espero, gostaria mesmo de a ver, quero confirmar traços, olhares, mãos, olhos, pestanas, lábios, cheiros, presença…
Não era eu ontem, não te conheço, mas o meu outro disse-me que eras porreiras…
Quero te descobrir outra vez…

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Desafios...


Em resposta a este tão interessante desafio, o de colocar aqui a 5º frase das 161º página de um livro que se encontra-se na nossa cabeceira (no meu caso, um lugar mítico, pouco utilizado para leituras, apenas um apoio para o tirânico telemóvel e a sua exigência de me acordar todas as manhãs...) Como o "livro" que estou de momento a ler é Deus e o Estado de Bakunin, que é mais um ensaio e por isso algo curto...tive que escolher outro livro...ora a aleatoriadade ditou O ultimo cabalista de Lisboa de Richard Zimler, ficando aqui a 5º frase da 161º página:

- Onde é que arranjaste isto? - pergunta.
- Desenhei-o

Sim, sim, coloquei também a sexta frase, mas não interessa, soa me bem, gostava de também poder responder assim, a perguntas acerca da origem das coisas...

Até mais e não, não vou deixar uma lista para continuar, ainda sou novo nisto dos blogs, mas deixo o desejo que alguém o faça...

domingo, 2 de dezembro de 2007

Fuck me Jesus!


ou

Uma reflexão séria acerca de vida sexual da figura messiânica judaico-cristã de uma perspectiva pós-modernista.


Ponto 1 – Não, ele não facturou, não perguntem!
Fim