segunda-feira, 29 de março de 2010

Uma tempestade num copo de água

Uma tempestade num copo de água quimicamente instável.
Estou perdido na mitologia de mim mesmo, nem sei qual backstory é cânon, nem quem disparou primeiro.
Procuro entre as minhas ideias um sentido de wonderlust, mas estou demasiado perdido até pelos meus padrões, até pelo padrão do cosmos, demasiado longe de Altair, demasiado longe de Sirius, e já nem sei onde é Arcturus.
As direcções estão para lá de erradas, o mapa astral não é de confiança, mas o que eu esperava?
Que desta vez o mundo fosse simples e a transição indolor.
Uma explosão de pequenas coisas.
É assim na transição de dias, é assim sempre que penso nas minhas hipóteses.
É o pretensiosismo de dizer que não te quero.
É a interacção de regras e métodos para estar e sentir.
Não contemplo o presente, isso seria o previsível, não, sou proactivo em tempos passados, o futuro está longe de ser controlável.
Não pertence a ninguém, alguns diriam.
Pelo menos estou melhor, übermensch de trazer por casa. Está tudo melhor quem ontem, sempre melhor que há dias.
Mais estável, ma[i]s em clara decadência, seria de esperar, é sexta.
Coreógrafo retrospectivamente a nossa conversa, o meu modelo físico claramente tem falhas, algo não encaixa dentro da teoria disto, daquilo e de tudo o resto.
Quem é que raio pensa nisso?
E mais que um mero elemento desenquadrado, é parte do meu protocolo existencial, é a iluminação através de meditação extrema, maravilha de tempos passados, força que nunca esqueci.
Quem é que raio se apaixona numa sexta?
A tensão molecular tende a tornar-se sólida no meu estômago cada vez que penso em outras sextas assim.
Quem é que raio o concebe?
Há semanas que deviam ser apagadas do calendário.
Não esta.
“Não é ciência, é sentimento”
É fazer, não esperar
Tem que existir mais aí fora, não me posso reduzir a observação de mecanismos de construção de estórias, nem tentar tapar buracos no argumento
[Está frio lá fora, e pode chover através deles]

segunda-feira, 15 de março de 2010

Passatempos

“A penny for your thoughts”
Não me desiludas, não me iludas, dá-me com a realidade. Satisfaz a minha curiosidade, diz me o que querias dizer com aquilo. Não me deixes a pensar, desculpa a minha falta de honestidade passada. Em mim estas ideias movem-se com um passo digno de um glaciar na pré-revolução industrial. E sabes que noites perdidas não se recuperam, palavras muito menos. É uma espécie de
Jet Lag mental do qual sofro de forma incessante, fruto de demasiadas noite passadas com os olhos fixos em velas que se apagam demasiado erraticamente. Mas diz-me o que querias dizer com aquilo, elabora esse pensamento, constrói-me ideias, porque sabes que sou por demais fechado a conceitos estranhos, ouço e aprendo, por vezes depreendo, mas aqui estou a tocar uma sinfonia de ouvido.
Agora se eu tivesse de facto coragem de te dizer isto. De te explicar, de te brutalizar, de te dizer que não te compreendo, e que é isso.
Mas são mais palavras que ficam por dizer, não existe nada que me possa ajudar, de qualquer maneira já possuis todos os meus segredos, o que é um a mais ou a menos.
Mais uma para o papel, mais uma ideia abstracta, um sentimento prostituido para me manter a criar mais um dia.
Será que esperar é um bom passatempo?
Tirar um tempo da realidade, uma folga de tentar, um interlúdio sanitário do sentimento.
É melhor, não é?
Porra, não!
Não!
Não!
Não!
Dá-me fogo, chamas, dá-me o que puderes, aqui, agora.
Não seria altura de explorar a ficção em vez de morrer um pouco mais por dentro?
Continuo a espera e o chá já arrefeceu.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Foda-se o amor, vamos fazer uma dístopia!


Foda-se o amor, vamos fazer uma distopia!
É uma farra de destruição incontestada. Uma orgia de negação existencial,
Acendam os fogos, este mundo teve hipótese de provar o seu valor, agora não é mais do que desolação digna da MTV, apaguem as luzes, os neons, meu deus os neons, tanta cor não é digna de seres como nós, não somos dignos de tanta luz.
Em recorrência de dores repetitivas, eliminamos uma civilização, outra começa o ciclo outra vez.
Dharma é uma roda, hoje em chamas.
É o standard da destruição de alter-egos, disseminando o poder do falhanço objectivo, e pelo menos não esquecemos os nossos nomes, ainda que as nossas caras sejam imagem perdidas, esgares de prazer de tardes mortas, tardes de segredos sangrentos, encobertas pela desilusão e por promessas que nunca será verdadeiras.
Vamos empurrar os mecanismos, pô-los em movimento, preparar as mesas para os festins do fim, o relógio está a um minuto para a meia-noite.
Foda-se o amor, o apocalipse vinha a calhar.
Julieta jurava pelo deus da sua idolatria, eu juro pela morte deste mundo.
Isto é capaz de ficar intenso, interessante assim que a civilização começar a cair, isto é capaz de ficar interessante assim que tudo começar a arder.
Down with love em tons claramente militaristas, marchas dessensibilizadas, apocalípticas, rítmicas, austeras e dissolutas, e mil outros adjectivos insignificantes. Nunca interessou muito o que teria a dizer sobre o fim, interessa o que farei depois dele.
A transição não vai ser indolor, espero que não, o sangue vai correr, uma cor carmim infestando as ruas fumarentas desta cidade condenada, mas não te preocupes, há mais de onde esse veio.
Pára agora, esta pode ser a última paragem antes do fim. Espero que sim.
E chegamos onde estivemos sempre. O único sítio onde podemos ir.
Vamos construir a Igreja das Nossas Neuroses nos escombros deste mundo.