
Será reflexo de mim, caminhei vezes de mais estas ruas para nunca ter reparado em tanta morte a rodear a minha pessoa.
É reflexo, é, sem dúvida a minha própria mente não o consegue esconder de mim. Sinto-me a decair, a graciosamente me desfazer em pó nestas ruas e não há fé que me salve. Nojo a estes pensamentos, isto é só passageiro, mas sabe a eterno, sabe a montanhas, sabe aos Urais, imóveis, longínquos como uma memória que eu nunca tive. Não sei o que me fez pensar nisto, eu sei que isto é perene, vejo o dia no calendário em que vai tudo acabar, mas não acredito em tal mini Apocalipse, tanto fogo que limpará a minha existência deste mapa em que nunca quis estar cartografado. Não queria mesmo, não devia estar nessa lista, numerado, fogo, não devia, a minha alma não o queria, proibiu me de o fazer, ameaçou deixar me. Desculpas rascas, decadentes com um prostituta num canto escuro, para esta escolha, em nome da segurança dizia eu.
Porra, deixa-te de dúvidas existencialistas, tens trabalho a fazer. Deixa-te de ter ideias, adquire o método, um método que seja, algo, organiza-te, cataloga as ideias num armário escondido numa cave obscura por agora.
Por favor, por agora não penses, por favor, por agora não penses nela, por favor, concentra-te, por favor, por agora, esquece-te de ti próprio, por agora, não sejas acção nem reflexão, sê execução. Sê vazio de desejo, coma emocional induzida por objectivos, vê se percebes, agora não é o momento para isto, tens a tua vida em cima de ti, pungente, não tentes fugir, vai doer mais se o fizeres, Atlas não pode fugir.
Mais um par de dias e podes matar a mansa besta de carga.
Mais um par de dias e podes ser o lobo.