segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Gnomos Malévolos

Sinto que quando nasci me roubaram a alma, que uma força invisível, inefável levou-me a alma na calada da noite, a retalhou num altar à terra, tronco de carvalho de outros tempos.
Talvez tenham sido os gnomos de jardim…
Só agora é que percebi, é esse o meu objectivo, construir esse quebra-cabeças que é esta ordem no caos de vida que levo, encontrando dia-a-dia mais uma peça perdida num sorriso, numa voz, num cheiro, num toque e em momentos.
É uma oportunidade, vejo-a bem de perseguir esse gnomo, encontrar partes perdidas da minha alma, é uma maneira de construir.
Mas espera…
Já possuo os contornos, tenho uma ideia da forma, pequenos indícios da direcção.
Sinto uma sensação de dejá vu nestas visões, isto é mais antigo do que penso, talvez a demanda tenho começado noutro momento, e que todas as minhas racionalizações sejam um produto de uma consciência a pouco tempo desperta?
É que, sabes, as minhas memórias de criança são demasiadamente semelhantes as minhas memórias de embriaguez, não sei por quê, tem a mesma distância mental.
É como ver um filme em VHS demasiado gasto, uma K7 demasiadas vezes alugadas, aquele filme que toda a gente quer ver, mas ninguém admite ter verdadeiramente gostado. Pergunto-me por vezes, vezes de mais, o porquê disto. Infância ou álcool, os dois prometem nos tempos felizes, todos se divertem na TV, seja álcool ou uma promoção ao último Action Man.
Tenho medo que sejam sonhos mal recordados, sério que tenho, há demasiadas memórias assim, que a vergonha me impede de confirmar com fontes fidedignas.
Memórias de desgosto, desilusão ou simples insatisfação em relação a promessas não cumpridas.
Ninguém me disse, me avisou que recordar a minha própria vida seria assim tão difícil.
Irrelevante, o que interessa é o processo.
Irrelevante, a minha alma ainda anda a monte.
É que o meu karma veio em negativo, só pode ser isso, a demanda é ainda enorme. A destruição é motivo de progressão emocional, nada zen nos seus momentos maiores.
E ainda a alma foge.
E peças ainda são poucas.

3 comentários:

Anónimo disse...

olá, é a aeon (myspace) gostei ;) vai actualizando assim q tiveres uma verborreia

horns up

Unknown disse...

Já conheci esse tipo de gnomos... tropecei uma vez num. Parti-lhe a cabeça.

...

Não senti remorsos.

AnCaLaGoN disse...

É assim:

"Ninguém me disse, me avisou que recordar a minha própria vida seria assim tão difícil."

A sensação é mais ou menos esta. Vais tu muito bem na rua, convencido que tudo corre bem... de repente passam 10 gajos vestidos como tu e com a mesma aparência (em diferentes idades da tua vida), espetam-te uma carga de pancada, roubam-te a carteira, têm sexo com a tua namorada e bazam...

E tu ficas a pensar... que camião foi este que passou por cima de mim?

E isto... é recordar a própria vida...

Mas isto tudo é obviamente culpa dos gonomos...