domingo, 7 de setembro de 2008

LIberdade

Para ti, liberdade
Amo-te nos teus momentos plácidos, no cheiro de papel velho, no embate mental, na clareza da lógica e nas perdas de sanidade temporárias, intensas e sonoras.
Ouço os teus suspiros, ideias e gritos, sabem-me ao mesmo, no prazer e na dor, marcados e dissonantes, sabem-me a vida, a violência.
Sem ânsias, contemplando furacões, livres de preconceitos destroem carvalhos centenários como quem esmigalha egos de colegiais novas de mais para perceber verdades experimentadas, destruindo casas, buracos desses artísticos macacos como se fossem pequenos lápis, roídos e enfraquecidos por horas de escrita sem sentido.
Amo-te liberdade, todas as tuas faces, representações, pictogramas desgastados e limpas ilustrações estilizadas, para os meus olhos são o mesmo. Do meu ego quero que uses todo, não me leves nada, abusa de mim, estas dores não existem, estes turbilhões são para ser admirados, nunca me poderiam magoar, engrandecem-me, enlouquecem-me, fazem me esquecer de mim, vivo como poucas vezes.
Não te peço mais, só quero partilhar contigo o caos.
Liberdade e caos, amantes intangíveis, admiro-vos em todos este processo de decadência planeada.
Quero-te a ti, tudo o que o tempo permita, tudo o que o amontoado de células e conceitos a que chamo Eu o permita. Todo o que o tempo me permita dar, tudo o que o tempo não arrastar nas suas águas, tudo o que poder colocar em palavras e movimentos.
Posso cantar muito bem canções doutros dias negros, posso articular palavras usadas em momentos pedantes. Posso criar, mas não me posso deixar aprisionar. Não me posso deixar ficar por esses corredores de palavras que inspiram nas massas segurança, sabes que todas não valem o oxigénio gasto para as expirar, por mais bela que seja a boca que as possa proferir.
Tenho que escolher-me a mim, a minha verdade, as minhas paixões internas, sabes que essas nunca me abandonaram, essas nunca me deixarão enquanto as sinapses do meu cérebro ainda dispararem.
E lembra-te, nunca serei totalmente teu.
Nunca serei mais do que eu.

5 comentários:

Anónimo disse...

.. Poderia ter comentado qualquer outro dos teus textos. São giros, tens sempre algo engraçado para dizer. E sabes dizê-lo bem e com expressividade. Eu gosto. Mas nao resisti a comentar este. E talvez este porque conseguiste por em palavras aquilo que me tenho esforçado para conseguir escrever. E ao lê-lo, nao conseguiria passar indiferente sem agradecer pelas palavras. Não minhas, mas que se encaixam no meu amor à liberdade.


Beijinho, * (Head over feet)

Anónimo disse...

sim, gostei da maneira como vives a palavra*

Anónimo disse...

Cada linha que escreves, traz liberdade à tua alma. Se olhares para ti com olhos de ver, verás que poderás viver sempre como poucas vezes. Nem todos os mortais têm esse privilégio.

angie

Unknown disse...

Ah a liberdade... sabe bem!

Mas sabe bem estar preso a algemas... mas apenas com a certeza que a seguir voltaríamos a ela... à liberdade.

AnCaLaGoN disse...

Sou um viciado em pensamentos literários que mostram o pensamento de quem os escreve...
Fico viciado nisto:

"Amo-te liberdade, todas as tuas faces, representações, pictogramas desgastados e limpas ilustrações estilizadas, para os meus olhos são o mesmo. Do meu ego quero que uses todo, não me leves nada, abusa de mim, estas dores não existem, estes turbilhões são para ser admirados, nunca me poderiam magoar, engrandecem-me, enlouquecem-me, fazem me esquecer de mim, vivo como poucas vezes."