domingo, 5 de outubro de 2008

Noite de Lua Cheia

Noite de lua cheia, nem uma nuvem à vista e um céu com toques de sonho narcótico devidamente moderado.
Um gato negro esvai-se nas sombras, pouca luz transporta com ele. Pouco mais acontece à vista, excepto morcegos em voos rasantes, aparentemente ignorando o seu estilo retro-gótico.
O gato atravessa-se de novo no meu caminho. Bela sensação, dejá vu, por um momento julgo possível que exista algo mais no universo. Tento me agarrar a essa ideia sem metafísicas lamechas e comuns, seria fácil de mais, tento o caminho mais difícil, inserir-me no plano cósmico.
Associar estrelas a ideias, forma experimentada de preservar ideias, associar constelações a locais, planetas a pessoas.
Os teus antepassados já o fizeram vezes sem conta, em língua diversas, nomes numerosos como as estrelas nomeadas.
Soa fácil, não soa?
Podia ser, mas não é boa ideia perturbar cães que arrastam as suas correntes.
Podia ser, mas não é boa ideia enquanto tu próprio arrastas corroídas correntes.
O gato aparece uma terceira vez, fico optimista, quase que já não sinto as correntes e este não é local para ser urbano-depressivo. É um local para deambular pelas orlas de bosques, gritando epítetos em línguas malditas, deliciosamente sozinho e alienígena a este local.
E o que poderia pedir mais?
É a escuridão onde me encontro.
O que poderia ver mais?
É um local para encontrar o nada esbatido no tudo.
O que poderia pedir mais sendo um pedinte de beleza?

3 comentários:

alissolarilole disse...

Se houver um novo dilúvio que chegue até ao céu, a Lua flutua?

AnCaLaGoN disse...

"Noite de lua cheia, nem uma nuvem à vista e um céu com toques de sonho narcótico devidamente moderado.
Um gato negro esvai-se nas sombras, pouca luz transporta com ele. Pouco mais acontece à vista, excepto morcegos em voos rasantes, aparentemente ignorando o seu estilo retro-gótico."


Doce descrição.

Unknown disse...

As estrelas são um caos cósmico.

Parem de tentar dar uma ordem ao que tão perfeito é no seu aparente caos.

Aparente, porque tudo tem uma razão, uma ordem.

Contradigo-me? Acreditem que não.